Vimos
qual o papel do jogo na formação do homem e qual a sua importância no seu
processo formativo, aprendemos um pouco sobre o RPG e todo o seu processo
criativo. Agora, vamos
saber como utilizá-lo na escola e quais os benefícios de utilizá-lo. Mas para
tal, precisamos saber o que é a escola e qual seu papel na sociedade atual. Iremos ter uma série de post e por isso estou dividindo o post do RPG na escola em várias etapas, então vamos começar!
A ESCOLA COMO REGULADOR SOCIAL
Quando
pensamos em escola, pensamos nos prédios construídos que tem por função educar
a população, além de ter essa definição encontrada em vários dicionário, para
que sejam “cidadãos”, ou seja, modelo de pessoas que agem e pensam como o governo
espera; e não um prédio para formar gente pensante e reflexiva. Mas encontramos
outras significações também, como a de um grupo de pessoas que seguem a mesma
tendência e forma de pensamento. Porém o termo escola vem do grego, Schóle, que era o tempo de ócio, que o
jovem usa para a sua preparação antes da educação formal, onde ele era guiado
por um escravo para ser educado nas assembléias..
Porém
com o surgimento da burguesia, durante a Idade Média, mas precisamente entre os
séculos XI e XII, a escola passou a ser de responsabilidade do estado, e assim tomou
outra postura em relação ao ensino, como mostra Garcia e Queiroz (2009): O
estado assumiu a responsabilidade pela educação da população em geral, tornando
a escola uma instituição a seu serviço.
A
escola não sofreu mudanças desde a Idade Média até o nosso tempo. Como afirma
Garcia e Queiroz(2009):
Grande parte dessas práticas, condutas, hábitos,
objetos etc. têm sua origem em épocas remotas. A escola origina-se com a
sociedade de classe para atender à necessidade de uma educação diferenciada
para as classes proprietárias, encontrando-se na Idade Média as bases da
cultura escolar. (GARCIA e QUEIROZ, 2009, p. 54)
Assim
vemos, que a escola foi criada para educar as classes dominantes da época, mas
como o estado assumiu a responsabilidade do ensino, teve que oferecer a todos, e
assim teria que passar conteúdo de uma forma que mostrasse a superioridade da
classe dominante, mas que não fosse questionada pelo restante da população, por
isso que o conteúdo é trabalhado de forma desarticulada, para que não leve o sujeito a pensar e refletir sobre o
que lhe cerca. Como nos mostra Garcia e Queiroz (2009):
...o modelo burocrático aplicado na escola
tem cooperado para o desenvolvimento de uma cultura marcada pela desarticulação
dos sujeitos entre si e pelo individualismo. [...] a educação escolar tornou-se
um instrumento capaz de legitimar a superioridade dos grupos dominantes,
difundindo os conhecimentos e a cultura desses grupos como os únicos que
mereciam ser ensinados. (GARCIA e QUEIROZ, 2009, p. 58)
Dessa
forma, podemos perceber que a forma que a escola utiliza a educação, como forma
de homogeneizar a cultura, por meio da imposição da cultura da classe dominante
sobre as demais, havendo um processo de aculturação da dominante sobre as
demais, fazendo que se veja a cultura das elites como superior. Mas a educação
da elite burocrática e a do restante da população nunca foram feitas no mesmo
local, pois ambos possuem educação diferenciada, feitas em escolas com
estrutura e qualidades diferentes. Como posto por Garcia e Queiroz (2009):
As ações escolares devem acontecer
submetendo, supostamente, todas as pessoas às mesmas regras, tornando as ações
sociais homogêneas, quando, na prática, ocorrem em lugares específicos e para
classes sociais distintas. Reservam-se para os filhos das classes trabalhadoras
os sistemas de ensino diferente daqueles freqüentados pelos descendentes de
classes abastadas [...] (GARCIA e QUEIROZ, 2009, p. 57)
Também
sobre isso Libâneo (1994) fala:
Assim, a educação que
os trabalhadores recebem visa principalmente prepará-los para o trabalho
físico, para atitudes conformistas, devendo contentar-se com uma escolarização
deficiente. Além disso, a minoria dominante dispõe de meios de difundir sua
própria concepção de mundo [...] para justificar, ao seu modo, o sistema de
relações sociais que caracteriza a sociedade capitalista. (LIBÂNEO, 1994, p.
20)
Essa
diferenciação que vemos dentro da educação, é uma forma de fazer com que se
cresça sabendo qual a sua posição dentro da sociedade, para que as pessoas
sejam conformadas e haja uma estratificação social sem possibilidade de
mobilidade por conformismo. O que torna isso possível é a forma como a escola é
organizada, mostrando suas ações de forma hierarquizada, como Garcia e Queiroz
(2009) expõe:
[...] na separação das séries anuais e dos
níveis de ensino nos sistemas educativos, nas disciplinas que integram o
currículo escolar, nos conteúdos de ensino, no desenvolvimento do processo de
ensino-aprendizagem, na separação das tarefas desempenhadas pelos profissionais
que atuam na escola, na organização do tempo e do espaço escolar. (GARCIA e
QUEIROZ, 2009, p. 59)
Contudo,
o fato de terem uma educação diferenciada e da hierarquização, não implica
dizer que não possamos ser seres pensantes e reflexivos, que tenhamos sempre
que sermos conformados com a posição que tivemos, que não possamos querer
seguir em frente e buscar uma posição privilegiada dentro da sociedade. Um dos
problemas que podemos visualizar e que colabora para esse problema na educação,
é o individualismos presente no dia a dia, cada vez mais posto pelos meios de
comunicação e trabalhado dentro das escolas; onde não há um compartilhamento
dos planejamentos por parte dos professore, onde há congratulações e as vezes
até prêmios para os alunos com melhores notas e assim por diante. Como mostra
Garcia e Queiroz (2009): “Ainda hoje, o individualismo é uma postura que
dificulta promover mudanças nas práticas escolares de forma integrada,
orientado por um projeto comum.” (GARCIA e QUEIROZ, 2009, p. 59)
Isso
não implica dizer que a escola não pode mudar, ela é passível de mudança sim,
cabe aos envolvidos em sua construção querer que ocorra a mudança, trabalhando
para tal, como mostrado por Libêneo (1994, p.21): “as relações sociais podem
ser transformada pelos próprios indivíduos que a integram.” Assim, uma de
nossas responsabilidades é pensarmos formas de construirmos o conhecimento,
para que os participantes dessa ação, sejam seres pensantes e reflexivos e que
acabemos com o individualismo, indo além dessas barreiras que vimos, existe outra
que ocorre dentro da sala de aula, que são as barreiras do ensino.
No post seguinte iremos ver o que deve ser mudado no ensino!! Até mais!
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